7 de fevereiro de 2011

Cartas para Jordan


Paris, 1985


Querido Jordan. 


A Saudade que sinto por ti ainda é grande. Porém venho me acostumando. Não tanto como deveria. Mais talvez no fundo acredito que saudades seja isso mesmo, ela vem com sua permissão, te machuca e sufoca, depois de um longo tempo você trava uma amizade com ela, e permite que ela se esconda um pouco, e não tome tanto espaço na sua vida, e depois, quanto sorrateira e falsa ela é, chega de repente e devasta tudo. Ela é assim comigo, está sempre assim, e como você, ela age assim também? Desculpa não perguntei, como está por ai? Roma, uma cidade cheia de histórias e segredos assim como aqui em Paris, devias me contar mais daí. Vou adorar saber mais na sua visão!!!!
Hoje dei uma passeada por minha cidade luz, como mesmo sabes, adoro todos os lugares grandiosos (Torre Eiffel, Arco do Triunfo... etc) que minha Paris me permite, porém não gosto de andar muito por lá, adoro passear pelos jardins e igrejas mais inusitados. Comecei meu passeio pelo jardin du Luxembourg, lembra de como ele é lindo, com seu lago ao centro, lembro-me de ter passeado com você por lá, você ficou muito encantado como os veleiros e demos um passeio longo por ele, ainda lembro de como seu rosto irradiava felicidade, lembra disto também? Fiquei sentada  por alguns minutos por lá,depois peguei meu carro e fui onde me trazia uma lembrança mais próxima de você, ainda a caminho passei pelo perto do Rio Sena, e como sempre ele é bem frequentado, e sempre está motivando grandes romances. Motivou o nosso.
 Cheguei onde queria, demorei um pouco, pois é afastado um pouco de Paris, mais eu sei que ia valer a pena,lembra de onde estou falando? Sim, isso mesmo, fui visitar sua tia Louyse nos jardins de Giveny, ainda lembro de sua casa- chalé que eu tanto amo. Ir lá foi uma surpresa pra mim, ela já estava a minha esperava. Disse-me ela que tivera um sonho comigo a noite passada, e nem sobe tortura me contaria o que fora, tomei um delicioso café preparado no seu velho fogão a lenha com biscoitos de canela, nossa como aquilo tudo me fazia lembrar você! As flores do jardim ao fundo do quintal, o cheiro do café coado no coador de pano, o leve cheiro de lavanda que emanava das almofadas do sofá. Tudo ali era tão bom, tão acolhedor, ela me tratava tão bem, como se soubesse que eu precisasse muito de você, e tentasse ocupar a falta que você me faz. Passei toda a tarde lá, olhamos fotografias, conversamos sobre o passado, o presente, cuidamos do jardim, fiz carinhos em seus lindos gatos, aaaaah!! o gato mimi lembra dele, o qual sua mãe havia presenteado a sua tia com ele? Americano como nós!!!! 
 Para que não ficasse tarde a minha viagem me despedi dela, onde me fez prometer ir a Igreja Saint Louis en l’Île, esntranhei pois a igreja não era um lugar pra se visitar, e sim realmente ir e fazer suas orações, disse-me tia Louyse que eu ficasse mais perto de Deus, que pedisse mais proteção. Realmente, eu precisava, e prometir que iria lá sim, com toda minha fé. Antes que eu saisse, ela me presenteou com um lindo bouquet de flores de lavanda, uma caixa de bombons que ela mesma fizera, e um livro que pediu pra eu abrir realmente quando me sentisse muito bem comigo mesma! Emocionada despedir-me dela, fiz ela me prometer que iria me visitar lá em Paris, mesmo relutando e dizendo que não gosta de muito tumulto de pessoas e carros concordou em ir. E assim, segui minha viagem até em casa. Chegando, tratei logo de Guardar o misterioso livro que tia Louyse me dera, ainda não me sentia bem comigo mesma, talvez demorasse dias pra eu abri-lo, ou até mesmo meses ou anos, fiquei intrigada como aquele objeto, mas no fundo sabia que seria algo bom. Agora estou lhe escrevendo sob a luz das estrelas e como uma linda vista da minha cidade luz, com um agradável perfume do buquet de lavanda que sua tia me dera e como os mais lindos de todos os pensamentos... em você...

                                      


P.S. Sinto uma falta absurda de você.


                                    France, 6 de abril de 1985.