21 de maio de 2023

Querido diário: não acredito mais no amor...

Em todas as minhas memórias sempre fui uma pessoa fascinadíssima pelo amor.

Cresci assistindo filmes de comédia romântica da sessão da tarde;

Li todos os livros da coletânea Sabrina, Júlia, Bianca que vendia a R$ 2,50 na banca em frente a minha escola.

As músicas que embalavam meus sonos eram as do álbum Love hits, anos 80/90 - quando ganhei meu diskman do meu padrinho - especialmente as de Roxette, The Police, Elton Jhon e Whitney Houston.

Meus olhos brilharam de alegria quando meu sacramento da Crisma - na igreja católica- foi a última preparação anterior ao sacramento do matrimônio.

Sempre usei laços, vestidos, pouca maquiagem, cabelos longos e cacheados, para que passasse uma vibe romântica para as pessoas. 

"Guardei" - a grosso modo - minha virgindade até os vinte e dois anos de idade, acreditando que eu a "perderia" com aquele que fosse o amor da minha vida. 

Eu era a última romântica.

Mas nada disso meu deu um amor de verdade.

Vivi amores bonitos e falidos, os famigerados: amores da vida. 

Todo esse preparo "pré-amor" não meu deu um amor que também valorizasse o romantismo.

Meu primeiro amor não foi romântico, não foi bonito. Sempre que lembro dele sinto tristeza, lembro do quanto eu chorei por achar que amar SÓ doía, totalmente o contrário daquelas baboseiras do que eu tinha lido nos livros.

Das duas vezes que ganhei flores foi quando terminei o relacionamento, isso depois de ter sofrido tanto e descoberto muitas traições.

Trauma de flores check.

Achei que meus amores seguidos me dariam a oportunidade de dançarmos na chuva enquanto ouvíamos "I Will Always Love You" de Whitney Houston.

Percebi que muitas pessoas casadas traiam seus cônjuges independentes do matrimônio e de relevância dentro da igreja.

Todo meu jeito discreto e desengonçado foi se tornando imperceptível diante de qualquer outra garota "gostosa" que estivesse no mesmo raio que o meu. 


(...)

O quanto o amor romântico me machucou.

Muito.

Não me arrependo de ter amado MUITO. Me arrependo de ter me doado demais. 

De ter acreditado demais. Me importado demais.

Todas as vezes que fui demais, sai mais machucada sempre mais do que o outro. 

Com o tempo me tornei resiliente, prática e decidida.

Troquei os filmes românticos por suspenses policiais.

Os livros de coletâneas da Harlei Queen por True Crimes, Psicologia e os de Feminismo. 

As músicas Love Hits por Pop.

Ajustei o vestido, escureci a maquiagem e cortei o cabelo.

Me privei do sentindo de me sentir mulher, passei a gostar menos de sexo e achar que meus sentidos/desejos não fosse algo que precisassem ser levados tanto em consideração a dois.

Me transformei, me transtornei e me desviei de todos os caminhos que me levassem ao amor.

E claro que mesmo depois de tudo isso: me enganei. 

Voltaria a ser quem eu era antes dos 22 anos?

Não.

Eu eu era muito ingênua, fantasiava e idealizava uma felicidade que não duraria 6 meses.

E não durou.

Sou grata por minha trajetória do amor, tudo que eu passei me tornou uma mulher madura e disposta...

Disposta a encarar todo o bastidor do amor, aquele que fica por trás de uma encenação fantasiosa das que criaram nos filmes/livros/músicas sobre o amor. 

Ainda acredito no amor.

Acredito no casamento e na constituição de uma família, acredito na felicidade genuína e  espontânea, no amor mesmo nos dias difíceis, na entrega completa e na admiração após a descoberta de todos os defeitos. Na construção do amor.

Mas do amor real, do amor disposto. Do amor recíproco e correspondido.

Amor é um constante exercício de resolver, descobri e realizar desejos