9 de março de 2023

Dançando sozinha

 É arrepiante quando você toca minha mão e me leva a um lugar que eu não imaginaria e talvez antes nem mesmo quisesse ir. 

E é nesse lugar que você sutilmente percebe que seu poder sobre mim é mais forte do que todas as minhas vontades de me afastar. 


Quando você me puxa pra dançar sob as luzes das estrelas, me faz acreditar que nossos corpos colados é o nosso ritmo perfeito. 


Me sinto culpada por saber que não dançaremos juntos aquela música, mas as lembranças ainda fazem  efeito na minha pele me fazem fechar os olhos e sentir você aqui perto. 

Se você não fosse tão distante, tão estranho e tão concentrado em ser frio, entenderia o motivos de nossa partida, todos os nossos adeus, perceberia o quanto perdeu a sensibilidade de sentir como antes e de saber as pessoas que realmente querem estar com você. 

Acontece que na última noite não teve a delicadeza de me olhar profundamente e ver o óbvio. Perceber que quando a gente quer que uma pessoa fique, a gente constrói qualquer coisa "até mesmo um castelo."

Mesmo sabendo que se seus amores antigos não foram capazes de te transbordar mesmo com sua complexidade, acredito não deveria fechar os olhos para quem dançaria a mesma música com você.

Sempre fico insegura com toda sua indecisão, e ter que aceitar seu toque seco  é uma troca injusta, e entendo que a possibilidade  de ser tarde demais. 

Me iludo quando encontro com o seu olhar e me engano achando que ele muda ao me ver, e talvez isso seja reflexo da minha paixão, embora acredito que isso tudo seja somente facial, pois você  é mestre na arte de fingir. 

Enquanto os últimos segundos da nossa música está tocando, nossos momentos juntos também estão virando notas inacabadas e distantes, mesmo sendo repertório de um passado rápido e bonito, cheio de canções, encontros e declarações, sei que não haverá nenhum conforto da sua parte e nem a possibilidade de ser recíproco a mim. 

Então continuo a dançar essa última música, sozinha.



Autoral